Este post procura explicar como se calcula a imagem seguinte, que será actualizada diariamente neste blogue nos posts "situação COVID-19 em Portugal e no mundo":
Os dados de mortalidade por todas as causas podem obter-se para várias faixas etárias no site SICO eVM:
Alisando cada curva com uma média móvel de 7 dias (cada ponto é substituído pela média dos 7 dias mais próximos) podem ver-se melhor as curvas de cada ano. Deve referir-se que os dados do SICO eVM dos últimos dias, sobretudo das últimas 1-2 semanas, estão ainda sujeitos a alterações significativas, porque estão continuamente a ser actualizados.
Fazendo dia a dia a média da mortalidade dos anos anteriores (2014-2019), fica-se com a linha branca grossa da imagem abaixo, que serve de linha de base para o cálculo do excesso de mortalidade em 2020 relativamente aos anos anteriores (2014-2019):
Na imagem de cima estão indicadas a verde alturas em que houve menos mortalidade em 2020 do que em anos anteriores e a vermelho alturas em que houve mais mortalidade. Acumulando, dia a dia, as diferenças entre a curva de 2020 e a da média 2014-2019 (ou seja, calculando o "integral" dessas diferenças), obtém-se a curva azul da imagem abaixo, a qual diminui nas zonas verdes e aumenta nas zonas vermelhas da imagem de cima. Ela atingiu o mínimo precisamente no início da pandemia em Portugal e a partir daí foi crescendo, correspondendo à acumulação de mortalidade por todas as causas, incluindo a "mortalidade por COVID-19" - como designo aqui a mortalidade associada à COVID-19 que é reportada nos boletins da DGS. Também se observa que em Janeiro, mas sobretudo em Fevereiro (antes da pandemia), houve menos mortalidade em 2020 do que em anos anteriores.
Se acumularmos a curva azul apenas a partir do mínimo da imagem de cima obtemos uma estimativa para o excesso de mortalidade por todas as causas que se observou durante a pandemia (curva vermelha da imagem abaixo), a qual pode ser comparada com a mortalidade por COVID-19 (a amarelo). A linha laranja da imagem de baixo é a diferença das duas, permitindo ver que há um excesso de mortalidade em 2020 que não foi atribuída à COVID-19. Ela pode ter tido várias outras causas. Por exemplo, pode dever-se em parte a pessoas que tinham outros problemas de saúde e que evitaram tratar-se em hospitais. Também pode em parte dever-se à não detecção de todas as mortes associadas à COVID-19. Este excesso de mortalidade não atribuído à COVID-19 andava próximo dos dois mil óbitos à data de 8 de Junho. O excesso de mortalidade por todas as causas ocorrido durante o período de pandemia até 8 de Junho de 2020 terá andado próximo dos 3600 óbitos. Esta estimativa tem um erro associado que ainda não contabilizámos precisamente, mas que admitimos, grosseiramente, que seja inferior a +-100 óbitos.
Se observarmos as variações, entre pontos consecutivos, das curvas da imagem de cima (ou seja, se calcularmos a "derivada") ficamos com o excesso de mortalidade que se observou em cada dia, o qual pode ser comparado com a mortalidade diária por COVID-19:
Juntando a informação da imagem de cima com a da mortalidade em 2020 e a média de 2014-2019, ficamos com a imagem apresentada nos posts "situação COVID-19 em Portugal e no mundo":
De referir que a imagem de cima utiliza uma média 2014-2019 um pouco melhorada, onde não foram tidos em conta pontos que se afastavam da média mais do que dois desvios-padrão (ou "sigma"), isto para evitar que excessos de mortalidade de épocas de gripe anteriores, de picos de mortalidade em ondas de calor ou devdo a incêndios florestais enviezem a linha de base e consequentemente as estimativas. Mesmo assim, observam-se algumas oscilações que poderão ainda ser minimizadas futuramente.
Imagens semelhantes às de cima podem obter-se para qualquer faixa etária definida nos dados do SICO eVM. Por exemplo, depois do início da pandemia, observa-se que o excesso de mortalidade por todas as causas não foi igual para todas as faixas etárias: a mortalidade nas pessoas mais jovens (0-44 anos) continuou a diminuir relativamente a anos anteriores, pelo que o excesso de mortalidade nas pessoas com 45 ou mais anos foi ainda maior do que o indicado acima, como se vê na imagem abaixo, onde a estimativa de excesso de mortalidade em 2020 por todas as causas passou para 3648 óbitos nessa faixa etária (não esquecer que há uma incerteza associada a esta estimativa, ainda por contabilizar):
A mortalidade por COVID-19 é maior nas faixas etárias mais elevadas e é natural que certos efeitos do confinamento, como por exemplo a redução na sinistralidade rodoviária, tenha afectado mais outras faixas etárias. A mortalidade por todas as causas tem várias origens, as quais variaram de forma diferente ao longo do tempo, sendo necessário estudar convenientemente todas as suas componentes, pois algumas podem ter sido no sentido do aumento de mortalidade em 2020 e outras no sentido contrário.
Os dados de mortalidade por todas as causas podem obter-se para várias faixas etárias no site SICO eVM:
Alisando cada curva com uma média móvel de 7 dias (cada ponto é substituído pela média dos 7 dias mais próximos) podem ver-se melhor as curvas de cada ano. Deve referir-se que os dados do SICO eVM dos últimos dias, sobretudo das últimas 1-2 semanas, estão ainda sujeitos a alterações significativas, porque estão continuamente a ser actualizados.
Fazendo dia a dia a média da mortalidade dos anos anteriores (2014-2019), fica-se com a linha branca grossa da imagem abaixo, que serve de linha de base para o cálculo do excesso de mortalidade em 2020 relativamente aos anos anteriores (2014-2019):
Na imagem de cima estão indicadas a verde alturas em que houve menos mortalidade em 2020 do que em anos anteriores e a vermelho alturas em que houve mais mortalidade. Acumulando, dia a dia, as diferenças entre a curva de 2020 e a da média 2014-2019 (ou seja, calculando o "integral" dessas diferenças), obtém-se a curva azul da imagem abaixo, a qual diminui nas zonas verdes e aumenta nas zonas vermelhas da imagem de cima. Ela atingiu o mínimo precisamente no início da pandemia em Portugal e a partir daí foi crescendo, correspondendo à acumulação de mortalidade por todas as causas, incluindo a "mortalidade por COVID-19" - como designo aqui a mortalidade associada à COVID-19 que é reportada nos boletins da DGS. Também se observa que em Janeiro, mas sobretudo em Fevereiro (antes da pandemia), houve menos mortalidade em 2020 do que em anos anteriores.
Se observarmos as variações, entre pontos consecutivos, das curvas da imagem de cima (ou seja, se calcularmos a "derivada") ficamos com o excesso de mortalidade que se observou em cada dia, o qual pode ser comparado com a mortalidade diária por COVID-19:
Juntando a informação da imagem de cima com a da mortalidade em 2020 e a média de 2014-2019, ficamos com a imagem apresentada nos posts "situação COVID-19 em Portugal e no mundo":
De referir que a imagem de cima utiliza uma média 2014-2019 um pouco melhorada, onde não foram tidos em conta pontos que se afastavam da média mais do que dois desvios-padrão (ou "sigma"), isto para evitar que excessos de mortalidade de épocas de gripe anteriores, de picos de mortalidade em ondas de calor ou devdo a incêndios florestais enviezem a linha de base e consequentemente as estimativas. Mesmo assim, observam-se algumas oscilações que poderão ainda ser minimizadas futuramente.
Imagens semelhantes às de cima podem obter-se para qualquer faixa etária definida nos dados do SICO eVM. Por exemplo, depois do início da pandemia, observa-se que o excesso de mortalidade por todas as causas não foi igual para todas as faixas etárias: a mortalidade nas pessoas mais jovens (0-44 anos) continuou a diminuir relativamente a anos anteriores, pelo que o excesso de mortalidade nas pessoas com 45 ou mais anos foi ainda maior do que o indicado acima, como se vê na imagem abaixo, onde a estimativa de excesso de mortalidade em 2020 por todas as causas passou para 3648 óbitos nessa faixa etária (não esquecer que há uma incerteza associada a esta estimativa, ainda por contabilizar):
A mortalidade por COVID-19 é maior nas faixas etárias mais elevadas e é natural que certos efeitos do confinamento, como por exemplo a redução na sinistralidade rodoviária, tenha afectado mais outras faixas etárias. A mortalidade por todas as causas tem várias origens, as quais variaram de forma diferente ao longo do tempo, sendo necessário estudar convenientemente todas as suas componentes, pois algumas podem ter sido no sentido do aumento de mortalidade em 2020 e outras no sentido contrário.
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