O primeiro gráfico ajuda a ver um pouco mais à frente na pandemia. É apenas um indicador, uma espécie de luzes de "máximos" de um carro para ver o caminho que temos pela frente. Baseia-se no seguinte: se extrapolarmos, a partir dos dados de há uma ou duas semanas, a percentagem de casos que já tiveram desfecho* usando uma linha recta, podemos estimar a data em que haverá uma certa percentagem de casos com desfecho. Por exemplo, as datas que aparecem no gráfico correspondem à intersecção das linhas rectas com a linha horizontal dos 100% de casos com desfecho, indicando assim a data prevista para o final da pandemia. No caso da China, constata-se que essa extrapolação por uma linha recta dá bons resultados, permitindo prever desde muito cedo a data em que 90% dos casos tiveram desfecho. No mundo (com ou sem China), podemos aplicar o mesmo método, mas como os países entram em alturas diferentes na pandemia não é de esperar que a extrapolação com uma linha recta dê resultados tão bons como para um único país. Ainda assim, a linha recta ajuda a ver o caminho durante algum tempo, se a tendência observada nas últimas 1 ou 2 semanas se mantiver. No caso de Portugal, que também aparece no gráfico, o método é para esquecer, porque é muito influenciado pelo número de casos recuperados dado pela DGS, o qual infelizmente não é muito fiável: durante muito tempo quase não aumentou e nos últimos dias teve grandes variações, bruscamente. As "luzes dos máximos" no caso português curvaram assim bruscamente e indicam agora que o final de pandemia está a poucos dias de distância, o que não é em princípio verdade, pois há um mês diziam que só em 2021 ou 2022 nos veríamos livre dela. Resumindo: o gráfico ajuda a ver um pouco mais à frente no tempo e preverá correctamente o final da epidemia apenas se o ritmo de progressão do número de casos com desfecho se mantiver igual ao das últimas 1-2 semanas. Se houver alterações no ritmo de progressão, haverá uma inflexão do gráfico e os "máximos" ajustar-se-ão ao caminho, apontando para outra data.
O segundo gráfico mostra as datas previstas por este método, para termos uma ideia da sua variabilidade com o dia em que é feita a previsão.
No dia 19/5/2020 os dados de recuperados fornecidos pela JHU também não eram fiáveis, tendo sido corrigidos no dia seguinte, pelo que a estimativa obtida nesse dia não foi representada.
Os dois gráficos acima serão actualizados diariamente e incluídos no resumo diário COVID-19 neste blogue.
Os dois gráficos acima serão actualizados diariamente e incluídos no resumo diário COVID-19 neste blogue.
* Percentagem de casos com desfecho = (casos recuperados + mortes)/casos confirmados*100.
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